Header Ads

Header ADS

Circuito das Estações Adidas - Etapa Primavera

Circuito das Estações Adidas - Primavera

Há 3 anos e meio, alinhei-me na largada de uma corrida pela primeira vez em muito tempo. Lembro-me de ouvir, com inveja, um corredor comentar com outro:

- Até 21km eu consigo correr numa boa. Mais do que isso eu travo.

Tratava-se de uma prova de 7km e correr uma meia-maratona era algo inimaginável.

Quem me levou para a prova foi um amigo do trabalho. Não era simplesmente uma corrida: a sua honra estava em jogo. Havia uma aposta com o cunhado a ser ganha e o empenho era tanto que até a compra de um par de tênis, que supostamente aumentaria o seu desempenho, rendeu. Na ocasião, havia marcadores de ritmo e a nossa dúvida era se colávamos no de 5'30" ou no de 6'00"/km.

As corridas, então, tinham um sentido diferente para mim. Elas eram apenas um complemento na minha busca de um estilo de vida mais saudável, uma redenção após 15 anos de sedentarismo, obesidade, tabagismo e suas conseqüências: stress, pressão e colesterol fora de controle. Hoje, a palavra que me vem em mente quando penso no que correr significa para mim é "superação". Corro para superar as metas que me estabeleço.

A verdade é que eu não treino para correr uma maratona ou uma prova de 10k. Eu treino para correr uma maratona em menos de 3:20" e 10k em menos de 40' e, para tanto, não meço esforços para atingi-las. Às vezes gostaria de também ter essa obstinação em outras áreas...

A minha última grande meta era correr 10k abaixo de 40'. Treinei o ano passado inteiro para isso mas, no dia previsto, deu tudo errado e eu acabei na ambulância. Esse ano, tinha feito um 40'22" em julho, durante o treinamento para a Maratona do Rio e não mais corri provas desta distância. Já estava conformado em deixá-la para o ano que vem quando surgiu a oportunidade de correr o Circuito das Estações Adidas - Primavera, no Rio de Janeiro.

O kit da corrida tinha que ser retirado na loja da Adidas no Barrashopping. Se eu tivesse conhecimento prévio deste detalhe, dificilmente teria me inscrito. Ir à Barra a qualquer hora do dia é um suplício: longe e engarrafado. No shopping, fiquei surpreso pela quantidade de pessoas que lá se encontrava às 14:00 de um sábado. Para aumentar ainda mais o meu desgosto, a concentração maior de gente parecia estar localizada justamente na loja da Adidas. A fila era tão grande que chamava a atenção dos demais freqüentadores. Uma senhora entrou na fila e despachou a amiga para o para verificar o que atraía tanta gente para a fila. Deve ser algo muito bom - certamente de graça - e eu não vou ficar de fora dessa de jeito nenhum. Um homem, que para mim aparentava ter 150kg, fez o mesmo.

No final das contas, até que não levou tanto tempo assim. Em cerca de meia hora já estava com o número na mão e a camiseta personalizada com o meu nome. E, já que estava em um shopping, aproveitei para comprar a edição mais recente de meu tênis, Supernova Glide 2, que estava em uma super-promoção por 200 pratas. Consumo para todos.

Deixe-me ser bem sincero: eu não devia correr esta prova. Uma tendinite no calcanhar me acompanha desde a preparação para a Maratona do Rio e, na semana passada, ela se agravou a ponto de eu optar por andar de bicicleta ao invés de trotar em alguns dias. Não estava me sentindo confiante e no aquecimento eu me questionei se valia mesmo a pena arriscar uma lesão mais séria que me tiraria da Maratona de Atenas. Tratava-se, no entanto, de uma oportunidade ímpar: nível do mar, no Aterro do Flamengo - o percurso mais plano que eu conheço - e um clima perfeito: pouco vento e, apesar do sol, temperatura bem amena. Que se dane! Vamos tentar.

O meu número me dava oportunidade de largar no "Pelotão Quênia", na frente dos demais corredores, e foi para lá que eu me dirigi. Configurei o "Parceiro Virtual" para um ritmo de 4'00" e larguei. A adrenalina me fez pensar que eu estava muito lento, mas uma checagem no meu ritmo me fez perceber o contrário: 3'46". Diminuí um pouco e completei o primeiro km em 3'53".

O ritmo estava confortável mas optei por não apertar o passo. As corridas mais recentes tinham cerca de 5k e a semana ruim não contribuía para a minha auto-confiança. Com cerca de 2,5km, os corredores se dividiam: quem estava correndo 5km fazia o retorno e os demais seguiam em frente. A quantidade de competidores à minha frente diminuiu sensivelmente e eu, ainda que mantivesse o ritmo, comecei a passar os que haviam largado mais forte do que podiam.

O primeiro colocado fez o retorno nos 5km e eu estimei menos de 1 km entre nós. Tentei contar minha colocação mas acabei perdendo a conta. Procurei alguém para acompanhar mas o corredor mais próximo de mim pigarreava tanto que duvidei que ele fosse terminar a prova naquele ritmo. Aos 7,5km, encontramos novamente os competidores dos 5k. Àquela altura, tratava-se de uma fluxo vermelho - cor da camisa da prova - impressionante, convenientemente separado por um cordão de isolamento até o final do percurso. No km 9 a euforia começou a bater: vai dar! Estou abaixo do tempo programado e estou inteiro! A última curva e a placa anuncia: "Faltam 300m". O passo agora já é quase um sprint. Passo um competidor à minha frente e avisto a linha de chegada. O cronômetro entra na casa dos 39' e eu aperto ainda mais o ritmo.

Não sei se é meu número encoberto pela camisa ou a velocidade com que estou chegando, mas a modelo que segura a faixa aponta para a chegada dos 5km e dá sinais que vai tentar me barrar.

- 10! 10! - levanto a camisa, para mostrar o meu número, e grito na tentativa de tirá-la da frente. Ela não sai mas, paciência. Pelo menos vamos trombar após o tapete de chegada. No último instante ela recua e eu chego intacto. Travo o cronômetro em 39'32", tempo que mais tarde seria corrigido para 39'26". 35º lugar geral e 7º na faixa etária.

Tinha programado me dar de presente um descanso pelo resto do feriado mas não consegui. Segunda-feira, lá estava eu trotando na Lagoa, às 7:00 da manhã, mesmo tendo indo ao show do Rush na noite anterior onde, por coincidência, foi tocada Marathon. Afinal de contas, tenho um tênis para amaciar, não é todo o dia que eu tenho oportunidade de trotar em um cenário como o da Lagoa e, sejamos sinceros: o que eu gosto mesmo é de correr.

No dia 15/04/2007, fiz 7km em 39'32". O amigo perdeu a aposta. Das duas uma: ou o tênis não era tão miraculoso assim ou o que realmente importa é uma boa orientação e, sobretudo, a dedicação do corredor.

Nenhum comentário

Tecnologia do Blogger.