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Guia para iniciantes nas corridas de rua.


Sempre que faço uma corrida, me deparo com situações que me dá a impressão que o sujeito não tem a menor ideia do que está fazendo numa corrida. Em toda a corrida tem aquele cara que dispara como se estivesse numa prova de 100 metros rasos somente para quebrar um pouquinho mais à frente, longe pra caramba da chegada. Tem aqueles que largam lá na frente, atravancando o trânsito e correndo o risco de serem atropelados. Resolvi, então, separar algumas dicas que auxiliam no desempenho e na boa convivência entre os corredores:

1. Correr na pipoca é errado:

Por mais que se tente racionalizar, não há como fugir do fato que correr na pipoca é errado. Ah, mas as inscrições estão caras demais. Ah, mas o lucro dos organizadores é abusivo. Ah, mas não dá premiação por faixa etária. Ah, mas isso. Ah, mas aquilo.

Por mais que se invente motivos, nenhum deles justifica o uso da estrutura bancada pelos corredores que estão inscritos na prova. Na realidade, se as inscrições estão caras, parte da culpa é dos que vão na pipoca e querem usar da água, pegar medalha e correr junto com as pessoas que pagaram pela inscrição. Tudo isto tem custo e correr na pipoca também tem seu custo.

Se a inscrição está cara demais, procure uma corrida com inscrição mais barata. Você não correrá no Circuito das Estações Adidas, mas pode se divertir, por exemplo, numa Corrida do Coração da Ceilândia, tão bem organizada quanto a primeira e muito mais barata. Se os organizadores têm lucro, bem vindo à vida real. Às vezes tenho a impressão que as pessoas acham que, a não ser pelo seu próprio lucro e pelo lucro de seus pais, todos os outros são errados. A verdade, que vale inclusive para você, é que ninguém trabalha de graça. O cara que organiza a prova tem mulher, filhos, cachorro e uma porrada de contas para pagar no fim do mês. A organização de uma corrida dá muito mais trabalho do que você imagina e é justo que o cara tire algum com isso.

2. Premiação por faixa etária é uma ilusão:

Premiação por faixa etária é uma grande ilusão. Faz bem para o ego mas não quer dizer muita coisa. O que vale mesmo é a classificação geral. É claro que é legal subir no pódio, tirar foto com troféu e levá-lo para exibi-lo no trabalho. Eu gosto pra caramba. No entanto, a dura realidade é que a classificação por faixa etária é muito mais uma questão da falta de concorrentes do que uma afirmação da nossa própria capacidade. Foi mal aí.

3. Largar lá na frente é errado:

A não ser que você pretenda permanecer a corrida toda lá na frente, largar lá na frente não é uma atitude muito solidária com os demais corredores. Você está atrapalhando aqueles que são mais rápidos que você para ganhar uma vantagem que não teria sobre os concorrentes de seu nível caso largasse lado a lado com eles. 

Certa vez, uma senhora me pediu calma, reclamou que eu estava rápido demais. Eu pensei comigo mesmo:

"Estamos numa corrida, senhora. O objetivo é correr o mais rápido que pudermos".

Se você largar num ritmo muito mais baixo do que os atletas que vêm atrás de você, além de fazê-los perder tempo, pode tomar um esbarrão e acabar causando um acidente. Se eles não forem delicados ao abrir caminho, não os culpe: você não deve esperar consideração dos demais se não tiver consideração pelos demais.

4. Uma corrida de 10k tem aproximadamente 10 km:

Não adianta você sair à toda e cansar 500 metros à frente. Se correr se tratasse de velocidade máxima, o Usain Bolt ganharia todas as distâncias possíveis, dos 100m à maratona. Uma boa corrida de fundo é uma questão de regularidade. Não adianta correr muito rápido e se arrastar no final. Também não adianta se poupar além da conta no início para dar um gás no final. Você não consegue equilibrar o tempo perdido na primeira parte com o tempo ganho na segunda.

Se você estiver iniciando, estabeleça uma meta pouco ambiciosa. Correr 5 km a 6 min/km pode ser um bom começo. Não se preocupe muito com o tempo. Pense que sua primeira corrida ficará marcada por ter sido a sua primeira corrida, independentemente do tempo que você levar para terminá-la.

Completada a sua primeira corrida, sua meta passa a ser melhorar o tempo dela. Aos poucos. A próxima você fará nos mesmos 6 min/km e, se tiver inteiro, vai dar um gás no último quilômetro. Se der certo, seu tempo vai baixar e este passará a ser o tempo a ser batido na próxima corrida. Calcule o ritmo deste novo tempo e corra nele até o último quilômetro. Se estiver inteiro, dê um gás e baixe novamente seu tempo.
 
Vá repetindo o processo até chegar ao ponto que você vai estagnar. É inevitável. À primeira vista, pode parecer broxante quando se atinge esse platô. Eu achava que pararia de correr assim que não conseguisse mais melhorar meus tempo nos 10 km. Mas a essa altura, correr já estava no sangue e sempre há um novo objetivo a ser perseguido. Completar uma meia-maratona, uma maratona, uma ultra-maratona, melhorar o tempo em cada uma dessas provas. Vai por mim: o mesmo vai acontecer contigo também.

5. O auto conhecimento é o segredo de se correr bem:

O segredo de correr bem é o auto conhecimento. A não ser que tenha muita gente na sua frente que lhe faça perder o ritmo, o primeiro quilômetro de uma corrida será sempre mais rápido do que o recomendável. É a adrenalina atuando. Quando ela baixar, faça um check-up mental. Pergunte-se:

"Será que aguento terminar neste ritmo?"

Faça-se esta pergunta diversas vezes ao longo da prova e vá ajustando o ritmo suavemente.

6. Tem dias que tudo dá certo... Tem dias que tudo dá errado:

Meu melhor nos 10k foi num dia em que eu estava com uma tendinite que doía tanto que, me aquecendo para a largada, ainda não tinha certeza que conseguiria terminar a prova. Minha pior experiência numa corrida foi no dia em que eu estava mais confiante para fazer os 10k pela primeira vez abaixo dos 40 minutos. Não há como correr bem sem uma boa preparação mas, constantemente,  o imponderável entra em cena. Tanto a favor quanto contra.

8. Não mascare a dor:

O conselho certo é: não corra se estiver sentindo dor. No entanto,  não serei hipócrita e dizer que nunca corri com dor. A dor é uma companhia constante dos corredores e eu me considero um corredor. Algo que eu abdiquei, no entanto, foi de correr sob efeitos de anti-inflamatórios. Eles detonam o estômago,  alteram a frequência cardíaca e não resolvem o problema. Apenas mascaram a dor. No dia em que comecei a suar frio sob efeito deste tipo de medicamento, resolvi que nunca mais os tomaria antes de correr.

9. Falta de vento é vento a favor:

Quando você estiver correndo na ida e tiver a nítida sensação de que o vento parou, preocupe-se pois, na realidade, você está correndo a favor do vento. Se você tiver que voltar, vai pegar o vento contra. Para mim, não há nada pior do que correr contra o vento. Prefiro mil vezes enfrentar uma subida do que um vento de frente.

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