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Correr é uma sucessão de dores

Dores. Tem aquelas simples, de fadiga muscular, que um simples descanso resolve. Tem aquelas crônicas, que começam devagar mas, como param de doer depois que esquentamos, não damos a devida atenção e vamos convivendo com elas. Passamos na frente do treinador com um sorriso no rosto - e uma lágrima nos olhos - para tentar convencê-lo (ou seria a nós mesmos) que nada estamos sentindo. E tem aquelas que doem demais para serem ignoradas e nos deixam no estaleiro até estarmos (quase) curados.

A primeira vez que me machuquei foi uma bobeira. Estava andando de bicicleta com Henrique, por uma das passarelas debaixo do Eixão. Ele devia ter uns 4 anos e pilotava uma daquelas bicicletas de brinquedo que não possuem freio e funcionam como as bikes fixas que hoje estão na moda. Ele perdeu o controle da bicicleta e, ao tentar resgatá-lo, acabei derrubando ambos e batendo o joelho no chão. Não sei o que mais me incomodava: a dor, o cheiro de urina vindo das paredes ou os seus gritos por entre o choro: "A culpa é sua". Ele tinha toda a razão. Acho que ele teria recuperado o controle da bicicleta e o episódio não renderia mais do que umas boas risadas. Acabou rendendo 3 semanas de afastamento e o aprendizado que, nesses casos, só existem duas coisas que realmente funcionam: gelo e descanso.

Já tive várias dores, tendinites em sua maioria: em ambos os tendões de aquiles, tendão patelar, tendão tibial anterior - a canelite. A do momento é no ombro, por causa da natação. Em todos os casos "os cinco estados do luto" estavam presentes: negação, raiva, negociação, depressão e aceitação.

A negação é o pior deles: "não é nada", "não tá doendo tanto assim", "é só uma dorzinha", "amanhã passa". O joelho doía e eu, ao invés de dormir até mais tarde, resolvi fazer um longão. Voltei no meio do caminho e a recuperação, que talvez levasse uma semana, acabou levando três. Bastava achar que a dor tinha diminuído para calçar o tênis e estragar a recuperação de uma semana inteira.

O mais constrangedor é admitir que, numa situação semelhante, eu acabo fazendo tudo novamente. Somente a aceitação torna possível a recuperação. É difícil ficar parado, sentir a forma ir embora. Dá a impressão que nunca mais vou conseguir correr - ao menos tão bem como estava correndo. Mas aceitando que o corpo precisa de um tempo para se recuperar é a única forma de ajudá-lo.

Nessas horas, acho que o melhor é adotar uma visão otimista e pensar que uma lesão pode ser uma oportunidade para descansar o corpo de um desgaste excessivo e permitir um retorno ainda melhor.

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