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Então é Natal

Existe alguma coisa de boa nesta época do ano? O que ele ensina às crianças? Que devemos consumir desenfreadamente? Que o afeto pode ser substituído por bens materiais? Que é legal acreditar em seres imaginários?

A TV berra o tempo todo que devemos presentear. Não importa o quê. Vamos acabar trocando um monte de kits do Boticário, algo tão impessoal quanto um Vale Presente da Saraiva, embora este ainda tenha o potencial em se transformar em algo útil. Duvido que alguém possua superfície corporal para usar todos os perfumes que vai receber neste natal antes dos prazos de validade expirarem. 

A mensagem subliminar é que se gostamos de alguém devemos presenteá-la - e muito. Crianças, apesar do sentimento de culpa dos seus pais fazer com que vocês tenham mais brinquedos do que o tempo livre para usufruí-los, preparem-se para arrumar mais um cantinho no armário para acomodar a enxurrada de objetos de plástico que vêm por aí.

Para mim, o que é mais inverossímil na sequência do Toy Story não é os brinquedos ganharem vida, mas a (pequena) quantidade de brinquedos que o Andy possui. Que criança passa a infância e a adolescência apenas com a seguinte relação de brinquedos, retirada da Wikipedia:


Uma criança típica teria ao menos meia dúzia de Woodies diferentes, vários Buzz Lightyears. O Sr. e a Sra. Cabeça de Batatas teriam uma família completa. Tios Cabeças de Batata. Avós Cabeças de Batata. Uma penca de Cabecinhas de Batatinhas. Porquinho? Nem pensar. Teria uma fazendinha inteirinha. Porquinho, vaquinha, ovelhinha, cavalinho e galinhazinha. 

Imagine um presente que o seu filho, sobrinho ou vizinho ainda não tenha. Tem que ser um que ele vá gostar, aproveitar e usar por mais de uma dúzia de vezes antes de chegar à idade adulta. Conseguiu? Não? Nem eu. Mas isto não é impedimento para consumir mais. Vamos passar na Ri Happy e comprar uma lembrancinha, da mesma forma como passamos no Boticário para comprar uma kit presente para aquele amigo, não porque achamos que ele realmente vá gostar ou aproveitar, mas simplesmente porque essa é a forma que a sociedade escolheu para que o nosso apreço mútuo seja demonstrado.

E o Papai Noel? Qual o sentido de ficar martelando na cabeça das crianças a existência de um ser tão improvável quanto ele?

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