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O que me motiva

Às vésperas de uma maratona, me reuni com amigos que me conheceram antes da fase atleta. Alguns não me viam desde a época de faculdade, quando eu era fumante, obeso e sedentário. Perguntaram-me o que me motivava a correr.

Cada vez que penso a respeito, chego à conclusão que não há nenhuma motivação envolvida. Pelo menos, não mais. No início até havia a motivação para entrar em forma, diminuir medidas e ganhar saúde. Depois havia a motivação por atingir distâncias maiores. Para quem está começando, correr uma meia maratona é um sonho distante e uma maratona um desafio inimaginável. Depois havia a busca por tempos menores, perceber os segundos diminuindo a cada corrida.

Mas invariavelmente as metas são atingidas. Não vou baixar o peso dos meus atuais 70 e tantos quilos. Não vou correr mais do que os 50 km da última ultramaratona. Não vou baixar consistentemente os tempos das provas que disputo (na verdade, a tendência é que eles fiquem maiores à medida que o peso da idade vai aumentando). Se as metas são a única fonte de motivação, a motivação acaba quando as metas são atingidas.

A motivação é o hábito. A motivação é a rotina. A bendita rotina. A rotina que torna necessária uma certa dose de policiamento para cumprir os descansos programados da planilha pois a vontade é de estar na rua mesmo nas segundas-feiras, dia de descanso dos corredores. Quando o despertador toca, não preciso lutar para sair da cama. Levantar às 5:30 pra correr, pedalar ou nadar é tão natural que a possibilidade de não me levantar nem vem à mente.

No primeiro dia que decidi sair das esteiras da academia para a rua, olhei pela janela e percebi o breu, a chuva torrencial,  a rua inundada. Pensei em voltar para a cama mas achei que se desistisse logo no primeiro dia, não conseguiria nunca criar um hábito. Saí para correr. No meio do caminho, às 6 da manhã, passei por um trabalhador a caminho do metrô, visivelmente irritado. Ele tomou um susto e o escutei gritando:

- Isso que é disposição.

Neste instante, soube que tinha tomado a decisão correta. A partir desse dia, só não pratiquei alguma atividade ou nos dias que estava lesionado ou quando a planilha me mandava descansar. Já corri na chuva. Já corri no frio e tenho certeza que, se um dia nevasse em Brasília, eu sairia para correr da mesma forma. Já saí para correr às 5 da manhã pois tinha um compromisso às 7. Como diz meu treinador, é nestas horas que vemos quem são os verdadeiros atletas.

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