Motivação
Era para ser 6 km em ritmo de corrida mas, por algum motivo, os planos foram alterados. O teste consistia de um tiro de 400m e um de 1.600m. Não adiantou reclamar que tínhamos nos preparado psicologicamente para correr 6 km. Que tínhamos ficado de repouso no dia anterior (mentira), em abstinência e feito alimentação especial. Acabou sendo divertido. Nunca tinha participado de uma corrida de 400m. Não tinha a menor ideia de como se corre essa distância. Continuo sem ter, mas pelo menos agora sei que correr 400m a 2'45" dói tanto quanto correr 10 km a 4'00".
Depois do teste de hoje, um colega de equipe mandou uma mensagem no Face dizendo que correr não estava mais sendo prazeroso e, por isso, pediu ao treinador para maneirar nas suas próximas planilhas. Entendo isso. Respeito isso.
No fundo, no fundo, acho que chega um momento em que todos nós enchemos o saco de correr competitivamente - competitivos com nós mesmos ou com aqueles que correm no nosso nível, é claro, uma vez que se fôssemos nos comparar com o Deuzimá, por exemplo, tomaríamos um coro maior do que os 7x1 que a Alemanha sapecou no Brasil. Já me deparei com esse poço algumas vezes. Fiquei um ano afastado da equipe e das corridas porque o que me dava prazer era trotar no Parque de Águas Claras. Mas aí surgiu um novo objetivo, a primeira maratona, e achei que não daria conta da preparação sozinho. Voltei para a equipe e, ao longo dos vários poços que surgiram novamente, fui diversificando: bike, natação, triathlon. Corro muito menos hoje do que há 6, 7 anos atrás. Mas raramente me pego saturado, fadigado, aliviado que a quinta-feira passou e não vai ter mais tiros.
Se essa for a diferença entre continuar a correr ou encher o saco e parar de vez, trata-se de uma decisão madura. É claro que é bom ganhar um troféu de vez em quando, mas, convenhamos: não somos profissionais. Não dependemos da corrida para sobreviver. Eu dependo dela para viver pois é através dela que eu desconto todas as frustrações que acumulo em casa, na rua, no trabalho, na vida. E para isso ser possível, ela tem que ser prazerosa. Se diminuir o ritmo vai torná-la mais prazerosa, só posso dizer para seguir em frente.
Falando em motivação, descarreguei os dados do teste de hoje no Strava e me deparei com os seguintes resultados: segundo melhor tempo nos 400m, melhor tempo em 1 km, na milha e em meia milha. Às vezes fico pensando que a idade tá me pegando que, daqui em diante, é só morro abaixo. Aí, de repente, descubro que ainda há espaço para continuar me dedicando aos treinos e colher alguns frutos deste esforço. Motivante demais :-)
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