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Pedalando na chuva

Certa vez li alguém dizer que nunca havia se arrependido de ter saído para treinar mas sempre se arrependia quando deixava de fazê-lo. Gostaria de poder dizer o mesmo. Já me arrependi de ter saído para treinar. Me arrependo de todas as vezes que me machuquei ou agravei alguma lesão sabendo que as possibilidades de isso acontecer eram altas. O esporte é um vício. Os vícios falam mais alto que o lado racional. Me arrependo, porém de todas as poucas vezes que deixei o cansaço físico falar mais alto. O cansaço é muito pequeno diante da ressaca causada por um dia ocioso.

Gosto de correr na chuva. Pedalar na chuva, no entanto, não trás as melhores sensações. Pedalar na chuva em grupo é ainda pior. Ficar na roda de alguém significa engolir litros de água temperada com detritos. Enquanto os óculos ainda têm alguma transparência, os olhos estão protegidos. Quando os buracos passam a ser detectados apenas pela intuição, é hora de tirá-los. O mundo se torna subitamente mais nítido, ao custo da constatação que pingos de chuva podem ser dolorosos quando atingem os olhos em alta velocidade. Apesar de tudo isso, sabe o que realmente incomoda? Não é a água que gela os ossos. Não é a lama que adere no corpo, na alma e nas orelhas. O que realmente incomoda é a lama que adere à bike.





Uma bike limpa é o maior estímulo que conheço para um sujeito arrumar uma desculpa e ficar em casa. O cara se pega pensando no tempo que gastou desengraxando a corrente e as catracas até deixá-las brilhando como novas e fica se perguntando se aquele treino de montanhas vai realmente fazer falta. Se não seria melhor arrochar a potência do rolo e ficar pedalando na frente da TV. Mais do que as pernas raspadas e a coleção de Recordes Pessoais do Strava, o que realmente distingue um ciclista "sério" dos demais são suas catracas e correntes tinindo de novas. Correntes pretas denunciam o desleixo de um ciclista aos seus pares.

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