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Expedição à Chapada dos Veadeiros

O fim de semana da +Equipe Lo-Rã  foi dedicado não a uma, mas a três trilhas na Chapada dos Veadeiros. A equipe se deslocou de Brasília para o povoado de São Jorge, sede do Parque Nacional, em dois ônibus, saindo às 20 do Parque da Cidade. Outros membros seguiram de carro, no dia seguinte, lotando as pousadas Águas de Março e Dha Lua (com h mesmo). 90 corredores se juntaram aos 150 mountain bikers que participavam da Expedição Experiências na Natureza, programa promovido pelo Governo de Goiás para potencializar os produtos turísticos goianos que possuem como principal característica o uso dos recursos naturais para vivências diferenciadas e que, coincidentemente, tinha uma etapa neste fim de semana.

Constantin, às voltas com uma fascite plantar, não pode tomar parte nas trilhas. Como tinha levado sua Moutain Bike, se tornou nosso informante infiltrado na expedição. O seu relato deu conta que a expedição foi tão legal que obteve o contato dos organizadores para poder tomar parte nas próximas etapas.

A nossa expedição estava sendo preparada desde janeiro. Nosso treinador, Laurent Migaire, fez uma imersão na Chapada, com o auxílio dos guias locais, para mapear as trilhas que a equipe percorreu neste fim de semana. O resultado foi excepcional, como não poderia deixar de ser. Pensa bem: se correr já é bom, imagina correr durante 3 dias na Chapada dos Veadeiros.

Sexta-feira: trilha dos Cânions e Carioca, no Parque Nacional. Infelizmente, compromissos profissionais e pessoais me impediram de tomar parte neste dia. Fui me juntar à equipe somente na sexta à tarde, a tempo de correr no sábado e domingo. À noite, a maior parte da equipe foi jantar numa pizzaria, Canela de Ema. Um verdadeiro desastre. Como todos chegaram ao mesmo tempo, de forma inesperada, o caos se instalou. Não havia garçons em número suficiente para atender a todos. Alguns pedidos ficaram perdidos, outros saíram fora de ordem. Uma pena. As pizzas que conseguiram chegar às mesas estavam bem razoáveis. Assim como o cantor, que tinha o grande mérito de ser esforçado. Fazia tempo que não tocava para um público tão grande e empolgado. Pelo menos até a fome chegar acompanhada do mau humor que lhe é peculiar. Nesta hora, os pedidos começaram a ser cancelados e seus donos a debandar a procura de outros lugares para comer.

Sábado: Raizama e Vale da Lua.

Todas as trilhas tiveram como ponto de partida a Pousada Dha Lua. A estrada até São Jorge está completamente asfaltada. A metade que restava foi concluída há cerca de um ano, melhorando consideravelmente o acesso à vila. A pavimentação asfáltica, no entanto, foi executada somente na GO-239 e, ainda assim, até as imediações de São Jorge. O restante do caminho até a cidade de Colinas do Sul permanece em terra, mesmo tipo de pavimento das ruas no interior da vila. Os ônibus nem ao menos conseguiram se aproximar das pousadas. Deixaram os passageiros próximos ao Centro de Atendimento ao Turista e lá permaneceram estacionados até a hora de retornar à Brasília. Não dava, portanto, para contar com eles para deslocar os corredores até pontos mais próximos às trilhas. Não foi num problema. Existem cerca de 300 cachoeiras na região. Seria praticamente impossível não nos depararmos com uma, mesmo que essa fosse nossa intenção.

Saímos da pousada e nos encaminhamos, pela GO-239, por cerca de 3km até a entrada da fazenda que abriga a cachoeira Raizama. Logo na entrada, havia um palco com gravuras de músicos estampadas em carretéis que não deixavam dúvidas sobre qual a cultura predominante nos eventos no local. Jimmi Hendrix. John Lennon. Janis Joplin. Pausa para tirar fotos e reunir a equipe para as instruções.




Seguimos pela trilha, ao longo do Rio Raizama e nos deparamos com a primeira cachoeira do dia, chamada de "Hidromassagem". Pausa para mais fotos. Cada mergulho, um flash. Prosseguimos e aí nos deparamos com a queda do Rio Raizama. Como se não bastasse a cachoeira em si, da qual só se tem uma visão parcial através de um mirante lateral, ela desagua num cânion, formado pelo Rio São Miguel. É praticamente uma atração 3 em 1. Cachoeira, cânion e encontro de rios. Conta-se que quando a fazenda foi adquirida, a presença do cânion foi omitida do comprador. Ao descobri-lo, disse ao antigo proprietário:

- Poxa. Você nem me contou da cachoeira. Muito bacana. Acho que vai dar até para transformá-la numa atração turística
- Você gostou. Que bom. Estava preocupado que você não quisesse comprar a fazenda por causa do buraco.

Tudo na vida é uma questão de ponto de vista. O que para alguns é um lugar incrível, para outros não passa de um mero buraco.


A trilha prossegue até uma bifurcação. Pra baixo, o acesso ao Rio São Miguel. Os guias acharam que tinha gente demais para arriscar o banho e nos levaram pra cima, de volta à sede da fazenda.

Pausa para abastecimento, fotos e selfies. Já está dando pra perceber que fotos são uma das principais atividades da equipe. É tipo o Strava que, para os ciclistas, se não está nele não existiu, nas trilhas da +Equipe Lora, se não tem selfie, não existiu.

Prosseguimos em direção ao Vale da Lua. No meio do caminho, uma ponte pênsil e uma praia no Rio das Pedras. Uma formação rochosa característica mostra que estamos perto do Vale. Pausa para tomar banho e agrupar a equipe.

Dali, partimos para o Vale da Lua. Se já era uma das atrações mais famosas da Chapada, depois que a Paolla Oliveira nos brindou com esta cena na minissérie Felizes para Sempre:


Aí que ela se tornou imperdível. Haja beleza natural. Só resta a dúvida se a produção leu a placa na trilha de acesso à cachoeira:


Aparentemente, não. Porém, nem só da beleza da Paolla Oliveira é feita a fama do Vale da Lua. Muito pelo contrário. Não dá para ir à Chapada dos Veadeiros e não se banhar em suas águas geladas. É mais ou menos como ir a Roma e não ver o Papa ou ao Rio de Janeiro e não ser assaltado. Ficamos por cerca de uma hora por lá, assustando os demais frequentadores e dando trabalho ao guarda-vidas que estava crente que curtiria um sábado tranquilo de baixa temporada.


Saímos por uma trilha diferente da que é utilizada habitualmente pelos turistas. Corremos por uma região de mata fechada até nos depararmos com uma descida íngreme que demandava bastante atenção. Foi quando começou a chover, ainda que num período bem curto, deixando o piso ainda mais escorregadio. Entre escorregões, chegamos à parte mais baixa do vale somente para descobrir que teríamos que subir tudo novamente para chegarmos na GO-239. Ao menos já estávamos bem pertinho de São Jorge.

Chegamos na pousada por volta das 14h. Entramos na piscina para espantar o calor e nos hidratamos à base de cerveja. A fome apertou e fomos ao Restaurante Buritis, onde o Messias, seu dono, nos aguardava com uma simples e gostosa comida caseira. O restante da tarde e a noite eram livres. Depois da experiência do jantar do dia anterior, as pessoas preferiram espontaneamente se espalhar pelos restaurantes da vila

Domingo: Trilha do Abismo e Janela.



Último dia de trilhas. A quantidade de corredores nas ruas de São Jorge desperta curiosidade. O refil de minha mochila de hidratação havia furado no início da trilha do dia anterior me deixando a seco a maior parte do percurso. Enquanto seguia para comprar uma garrafa d'água e improvisá-la dentro da mochila, fui abordado por um sujeito cuja atenção havia sido chamada pelo já habitual ritual de selfies pré-trilha. De onde somos? Brasília. De que equipe? Lo-Rã. Ele se apresenta como dono de uma empresa que organiza corridas de aventuras e  está organizando uma expedição à Terra Ronca em conjunto com a Bora Bora Turismo, aqui de Brasília. Pede o site da equipe para entrar em contato. Infelizmente não há. Sugerem que eu passe o endereço do blog. Pedido atendido.


Da pousada, pegamos o caminho em direção às antenas e fomos subindo... subindo... subindo... Cerca de 2 km. Lá em cima, na bifurcação, seguimos em frente e nos deparamos com um espécie de monumento, uma escultura composta de um enorme cristal e troncos de carvoeiro. Enquanto esperávamos o restante da equipe, o guia nos informa que o ganhador da segunda edição do Big Brother tinha comprado a propriedade, após o programa, e a vendido tempos mais tarde. Chegara à conclusão que só valeria investir na região quando a tecnologia tivesse avançado a ponto de possibilitar a construção de casas flutuantes. Na Chapada, às vezes o real e o imaginário se confundem ao ponto de não conseguirmos distingui-los claramente.


Descemos. Encontramos alguns carros estacionados e nos embrenhamos por uma trilha que levava à portaria da trilha. Os ingressos, normalmente R$ 20,00, já tinham sido acertados com antecedência. Prosseguimos pela trilha, margeando um riacho. De vez em quando encontrávamos alguns turistas que nos abriam caminho. Ouvi um deles comentando que devia estar havendo alguma prova de aventura na região. Encontramos a primeira cachoeira, à beira do abismo propriamente dito. A vista, esplendorosa, me fez comentar com +Wandréa que este era um dos lugares que devemos ter o privilégio de conhecer antes de morrer. Não que esteja com pressa.


Começamos a descer o abismo por uma trilha que bastante técnica. As luvas do +Adriano já não pareciam uma frescura tão grande à medida que tínhamos que nos apoiar em pedras e nos galhos para transpor os obstáculos que apareciam no caminho. Atingimos a Cachoeira do Abismo, cuja queda forma um pequeno poço, propício para banhos. E tome de descer o precipício que parecia não ter fim. E tome de preocupação de como seria a subida no caminho de volta. Finalmente, atingimos o fundo, 233 metros abaixo.

Para chegarmos na janela, é necessário subir pelo outro lado do vale. E foi o que fizemos, cerca de 100 metros de altimetria para cima. A janela é uma formação rochosa de onde se descortina o vale do Rio Preto. De lá é possível avistar o rio se aproximando de suas duas principais quedas, no interior do Parque Nacional. A maior delas, uma queda livre de 120m, forma uma nuvem que pode ser à distância. Ficamos por cerca de uma hora lá em cima, tirando fotos e reverenciando o visual.



Hora de voltar. Os 230 metros de subida, no abismo, pareceram mais fáceis do que imaginara inicialmente. Ainda assim, trata-se de uma trilha que exige um condicionamento físico muito bom. A cachoeira do abismo estava ainda mais cheia de turistas do que na ida. Passamos direto e fizemos todo o percurso de volta à pousada para arrumar as malas e partir de volta à Brasília. Infelizmente, a aventura na Chapada tinha chegado ao fim.

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