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Longão no Parque da Asa Delta

Foto da ARN antes de partir para o treino

Não estava chovendo mas o chão estava molhado e o tempo não dava mostras que ia firmar. Antigamente, a equipe de ciclismo fazia os longões no sábado e a de corrida no domingo. Já há algum tempo, porém, ambas fazem seus longões aos sábados o que de certa forma me é bom pois, além de me dar a oportunidade de escolher qual atividade estou com mais saco de fazer, tira o peso de ter que decidir se é conveniente fazer o longão de domingo. Eu até poderia fazê-lo correndo sozinho. Não me incomodo em absoluto em correr sozinho. Por outro lado, é pura ilusão pensar dá para pedalar 120 km até o Pedrão no sábado, com 1.360m de altimetria, e depois correr 18 km de boa no domingo. É preciso levar em consideração que estou prestes a completar 45 anos. Acabei me tornando um blogueiro fitness de meia-idade, não porque tenha me tornado blogueiro ou porque tenha me tornado fitness. Corro regularmente desde 2007 e, bem ou mal, o blog existe desde 2009. Me tornei um blogueiro fitness de meia-idade simplesmente porque a meia-idade chegou

O Parque da Asa Delta fica do outro lado da rua do Deck Brasil, ponto de encontro da equipe de ciclismo. Para me manter fiel ao espírito ciclo-ativista que um dia residiu em mim, resolvi ir de bicicleta para lá. Peguei Gislaine e me despenquei pela Ponte do Pontão. Parei para tirar fotos no deck de madeira que marca o início da ciclovia que, um dia, pretende-se margear a orla do Lago Sul. No momento ela nem chega a entrar no Pontão. Fui pela ciclofaixa até o Parque e, lá chegando, o pessoal da equipe já estava tirando as últimas fotos (porque se não está no Instagram não existiu) e se preparando para começar a correr.



Finalmente o GDF conseguiu retomar as invasões que privatizavam a área pública, estendendo irregularmente as propriedades particulares até a margem do Lago Paranoá. Foi uma demorada batalha judicial que, em verdade, ainda está longe de acabar: o trecho desocupado, que se estende da Península do Lago ao Parque da Asa Delta, é apenas uma fração das invasões que, contrariando o projeto inicial de Brasília, impedem o acesso da população ao Lago. Diferentemente de invasão de pobre, em que uma canetada do juiz é suficiente para mandar o batalhão de choque desocupar a área e uma retroescavadeira para destruir a casa das pessoas, invasão de rico é sempre tratada com o máximo de dedos, adiando-se enquanto se pode qualquer tipo de sentença desfavorável. Vai que se tem sorte e o mundo acaba antes que se tenha que tomar uma decisão. Uma justiça composta pela elite vai necessariamente tomar decisões elitistas.
 
Resquício de construção particular que avançava sobre as margens do lago

Como não foi possível antecipar o fim do mundo, acabou sendo possível fazer uma ciclovia/pista de corrida compartilhada ligando os dois parques. Não é um trecho muito grande. Termina abruptamente após o deck de madeira próximo ao Pontão. Prosseguindo-se pela calçada até sua entrada, chega-se 4,5 km ida, 4,5 km volta, 9,0 km no total. Como a planilha indicava 18 km, resolvi prosseguir até a Ponte do Pontão e, cruzando a pista, entrar na Praia do Cerrado, outro parque desta região do Lago Sul. Corri até o final da ciclovia inacabada em seu interior, ouvindo Fernando de Barros e Silva, José Roberto de Toledo e Thais Bilenky falando, dentre outros assuntos, das primárias americanas o meio bilhão de dólares mais mal gastos na história das campanhas eleitorais. Fiz o retorno e, fazendo o caminho de volta, cheguei novamente no parque da Asa Delta. Subi a reta que leva à entrada do parque e, já ofegante, pensava que ainda teria que subir aquele trecho mais uma vez. Lá em cima, o Garmin marcava exatos 12,2 km. Parei para hidratar e, sem me demorar, parti para os 6 km que faltavam.

Desde que comecei a correr senti que a cueca boxer de confecção de Nova Friburgo não ia proporcionar uma experiência muito agradável. Senti-a arranhando entre as pernas, sensação que diminuía à medida que o corpo ia aquecendo, mas que deixou marcas. De fato, quando fui tomar banho quase tive um treco quando a água com sabão bateu na pele ferida. Uma família de capivaras vagava pelo parque. Na verdade, parece-me que elas fixaram residência no local pois é possível observar vestígios da passagem delas ao longo de toda a ciclovia. É preciso prestar atenção para não pisar num dos inúmeros montinhos de bosta que elas largam displicentemente aqui e ali. Quando o Garmin tocou 15 km, fiz meia-volta em direção ao morrote do Parque da Asa Delta onde a maior parte da equipe, já com o treino cumprido, comia melancia e tirava fotos.

Família de capivaras às margens do Lago Paranoá




18,2 km, em 1:31:33. Ritmo de 5,03 min/km. Um bom treino num percurso que é o mais plano que se pode esperar em Brasília. Seria um bom local para se fazer longões ritmados para provas mas longas, principalmente se o trecho da Praia do Cerrado também fosse incluído, mas a existência de trechos com pouca arborização limitam um pouco o horário em que eles poderiam ser realizados.

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