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Os Espaços Públicos em Brasília

Já olhou meu perfil no Strava? Se você reparar bem, verá que eu , como a maioria das pessoas, fazem seus treinos sempre no mesmo lugar. Trote pela L1 Sul até o final da SQS 216 e voltando pelas 400. Pra variar, há dias em que alterno e vou até o final da SQS 416 e volto pelas 200 mas, se você é de Brasília - ou se der uma olhada nos links que disponibilizei, verá que é essencialmente o mesmo percurso. Duas a três vezes por semana. Tiros: Centro Olímpico da UnB. Duas vezes por semana. Longão: Eixão.  Giro é sinônimo de Lago Sul ou Parque da Cidade. É uma rotina e, como toda rotina, tem seus lados positivo e negativo. Positivo porque não se perde tempo pensando no que se vai fazer. Terça de manhã? Vamos para a UnB. Quinta à noite? Vamos para o Parque da Cidade. Negativo porque, como toda a rotina, tende à monotonia.

Uma das coisas que mais gosto na equipe que treino, é que, para meu treinador a corrida  é mais do que corrida. Ele não é um profissional de Educação Física com especialização em corrida, mas um corredor que tirou o seu CREF para exercer a profissão sem ter dor de cabeça com a fiscalização do conselho. Para ele, as corridas também são uma forma de conhecer o mundo ao seu redor. Assim, as provas em nossas planilhas são limitadas a 1, no máximo 2 por mês. Provavelmente não será uma corrida das mais badaladas, daquelas que se paga R$ 90,00 e, no fim, percebe-se que se está pagando mais pela camiseta - no meu armário não cabe mais nenhuma - do que pela prova em si. Se possível, será em algum lugar fora do Plano Piloto. Nos domingos que não há provas, ele nos leva para correr em locais ocultos à maioria das pessoas, mas estão disponíveis para serem revelados à qualquer um que deles tenha conhecimento. Às vezes vamos para uma trilha. Às vezes, um percurso pelo Setor Comercial Sul. Às vezes, um dos parques de Brasília.

Conheci o Gama numa prova. Depois voltei lá para correr em trilhas. Conheci Ceilândia quando participei da Corrida do Coração. Também corri na Cidade Ocidental e em Luziânia. Conheci a Fercal, o Polo de Cinema de Sobradinho, Valparaíso de Goiás, São Sebastião, Nova Betânia e um monte de lugares improváveis fazendo trilhas com a equipe. Porém, não são apenas os locais ermos que se revelaram. Alguns ficam mais perto do que se imagina.

Uma vez corremos num lugar no Lago Sul chamado Península dos Ministros. Esse nome pomposo não poderia deixar de abrigar as mansões mais pomposas da cidade. Não é coincidência que lá se localizem as residências oficiais dos presidentes da Câmara e do Senado. No final da península está o Parque Ecológico Península Sul, um dos mais desconhecidos de Brasília. Conheço gente que nasceu em Brasília e só ouviu falar de lá recentemente. É onde a tribo do kite surf se reúne todos os fins de semana, possui um gramadão perfeito para o piquenique e uma das melhores vistas da ponte JK que se pode ter. É tão bonito que serve de cenário de ensaios fotográficos para noivos e debutantes. Ainda assim é desconhecido à grande parte dos brasilienses.

Vista da Ponte JK a partir do Parque Península Sul


Ano passado fizemos uma corrida no Parque Vivencial do Lago Norte, um lugar completamente ignorado pela população. Tem pier, churrasqueira, pista de skate e parquinho. De lá, se avista o Calçadão da Asa Norte, onde pode-se alugar caiaques nos fins de semana. Ambos estão desertos a maior parte do tempo.

Correndo no Calçadão da Asa Norte na 10a Volta do Lago Caixa


Isso me remete à questão da utilização dos espaços público em Brasília. Espaços existem em abundância, o que falta é o público. Enquanto 80% do espaço público das principais cidades brasileiras é destinado exclusivamente a estacionamentos ou à circulação de veículos, o Plano Piloto de Brasília tem o privilégio de ter um grande número áreas verdes acessíveis à população, nos parques ou simplesmente nas superquadras. Convido-o a fazer um sobrevoo virtual pela cidade com o Google Maps. Dá para notar a arborização abundante e a quantidade de quadras esportivas e parques infantis. Infelizmente, também é possível notar o quão desertas elas são. Me dá a impressão de que as pessoas preferem se isolar em seus apartamentos ou nos diversos shoppings da cidade. Me dá a impressão que elas não conhecem a cidade onde moram.

Peixes na SQS 308. Poucos conhecem esse lago na quadra modelo de Brasília

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