Imagens.
Se eu faço isso pela minha saúde? Física? Certamente que não. Esporte não é uma coisa saudável. Não neste nível. Não nesta intensidade. Não neste volume. Uma maratona é uma agressão ao corpo. Mas se eu não correr ao menos uma por ano, sinto o tempo sendo desperdiçando. Correr impede que eu enlouqueça. Me permite arrumar as ideias. Cada passada é uma pisada nos problemas. Mas não faz bem às minhas articulações ou aos meus tendões. Tendinites nos joelhos, tendões de aquiles, tibiais anteriores. Se eu corresse plantando bananeira provavelmente teria problemas nos tendões dos ombro também.
O lance é que vicia. Dá euforia. Minha ex-esposa ficava abismada com o sorriso com que chegava de manhã cedo apesar de todos os problemas que enfrentávamos. Era a tal da endorfina. Dizia que queria experimentar também, embora, no fundo, no fundo, ela nunca tenha entendido o que correr significa. Acho que encarava a corrida como uma rival. Acontece o tempo todo. Conheço uma tonelada de homens cujas esposas agem assim, principalmente se o cara pedala. A esposa de um amigo chegou a dizer que "a bicicleta foi a pior coisa que aconteceu na minha vida".
Talvez você não entenda também. Tudo bem. Só quem corre entende. Entende o que é se levantar da cama para treinar numa pista enlameada, na chuva e no frio. Entende que contratar um taxista para levá-lo e buscá-lo na Pampulha para correr sob uma tempestade é perfeitamente normal. Afinal, ir à Belo Horizonte e não dar a volta na Pampulha é como ir à Roma e não ver o papa.
Eu não corro para viver. Eu vivo para correr. Se assim não o fosse, estaria apenas esperando a morte chegar.


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